Páginas

domingo, 5 de abril de 2015

CONCENTRAÇÃO E VISUALIZAÇÃO: OS PODERES DO PENSAMENTO



Por Omraam Mikhaël Aïvanhov -

Você devia saber que, se for assaltado por imagens que vêm lhe atormentar, você tem a possibilidade de transformar essas imagens, de se concentrar nelas para lhes dar outras formas, outras cores: elas acabarão por ceder à sua vontade.

Suponhamos que, antes de adormecer, durante aquela fase que atravessamos entre a vigília e o sono, você se veja a caminhar por uma estrada lamacenta ou então numa floresta cheia de perigos. O que se deve fazer? Deixar as imagens se desenrolarem? Suportá-las passivamente?... Quando você está adormecendo, você se encontra na fronteira entre o plano físico e o plano astral, já a penetrar na região astral, e esses clichês que começam a lhe invadir têm um sentido, predizem algo, advertem-lhe que certos acontecimentos desagradáveis irão atravessar o seu caminho. Também pode acontecer o contrário, você se ver num jardim maravilhoso, coberto de flores, de pássaros e de música, e estas imagens anunciam um bom período para vós.

Mas voltemos ao caso em que você é visitado por imagens tenebrosas. Apesar de já estar a mergulhar no inconsciente, você pode manter uma certa lucidez e reagir, fazendo um esforço, por intermédio do pensamento, para penetrar numa região superior, e ai já serão imagens luminosas que começarão a aparecer. Isto não quer dizer que você irá modificar realmente o rumo dos acontecimentos; as dificuldades e as provações virão lhe assaltar do mesmo modo, pois dependem, freqüentemente, de condições exteriores a você. Mas como você mudou aquelas imagens dentro de você, desencadearam-se no seu foro íntimo outras correntes, outras forças que vêm lhe socorrer. Você não pode impedir que os acontecimentos exteriores se produzam, mas pode remediá-los interiormente, preparando em você as forças que lhe permitirão enfrentá-los.
O inverno é um período difícil, mas se você souber se aquecer, tudo correrá bem. Passa-se o mesmo na vida interior: você tem de estar consciente do que se passa em você. Ser assaltado por imagens tenebrosas e por sensações dolorosas, é fatal, pois vivemos num mundo atravessado por toda a espécie de violências; portanto, é normal sofrermos as repercussões disso, nada podemos fazer a esse respeito. A questão não está em mudar o mundo, isso é impossível, mas em melhorar o nosso estado interior. Não podemos transformar o mundo inteiro, mas podemos transformar-nos a nós mesmos. Transformar o mundo é uma tarefa para Deus, e nunca nos tornaremos responsáveis por não o ter feito. Aquilo que nos é pedido é que nos decidamos a transformar ao menos uma criatura na terra, e essa criatura somos nós mesmos.

Portanto, logo que sentir em você correntes nocivas, necessidades primárias, grosseiras, sensuais, em vez de se deixar sempre levar por essas correntes sem fazer nada, porque pensa que nada pode fazer, não senhor!, você deve reagir. Quando conseguimos melhorar o nosso estado interior, é o mundo inteiro que se transforma, porque estamos a vê-lo com outros ‘óculos’. Por que é que os enamorados vêem o mundo tão belo? Porque neles tudo é belo e poético. Lá fora chove, neva, mas como vão ter um encontro, para eles existe o sol, o céu azul, o canto dos pássaros, o perfume das flores, pois nos seus corações é primavera. Os apaixonados são um ensinamento magnífico para os espiritualistas!

O verdadeiro espiritualista está convicto de que o pensamento é uma realidade e de que é nele que residem todos os poderes. Sabendo isso, aproveita todos os momentos da vida para trabalhar com o pensamento e, mesmo nas circunstâncias mais desfavoráveis, nas situações em que todos se sentem infelizes, esmagados, revoltados, consegue encontrar a luz e a paz. O espiritualista está acima dos condicionalismos, ao passo que aqueles que não sabem trabalhar com o pensamento passam o tempo a queixar-se e sentem-se sempre vencidos. Esses não sabem que possuem um instrumento que pode colocá-los acima dos condicionalismos, e por isso limitam-se, enfraquecem e mortificam-se.

O homem tem o poder de neutralizar os condicionalismos para que estes deixem de agir negativamente sobre ele. Mas tem de trabalhar para o conseguir. Se ficar sem fazer nada, à espera de que as condições se modifiquem, é evidente que será esmagado. Mesmo os maiores Mestres, quando encarnam na terra, freqüentemente têm de enfrentar as piores condições: privações, doenças, perseguições... mas conseguem ultrapassá-las, porque adaptaram a filosofia do espírito. Portanto, daqui para o futuro, perante o que quer que lhe aconteça, diga para você mesmo: ‘Sim, é verdade, estas condições são más, mas eu tenho a possibilidade de acionar dentro de mim correntes que são reais, que são poderosas e que darão resultados.’ Nesse momento você fica acima dos condicionalismos; de outra forma ficará por baixo e eles lhe esmagarão. Se pensar assim todos os dias, daqui a algum tempo, em todas as circunstâncias da vida, mesmo nas mais desfavoráveis, nas mais terríveis, você triunfará, porque saberá por em ação as forças interiores que ultrapassam os condicionalismos exteriores.

O espírito está acima de tudo, e quando você consegue se unir a ele, você se identifica com ele, recebe forças, sente-se apaziguado, iluminado.

Mas quantas pessoas aceitaram esta filosofia? Na sua maioria, elas não trabalham com o espírito, esperam sempre por boas condições, e por isso são tão vulneráveis. Se lhes acontece obter alguns sucessos e ter um pouco de felicidade, é pura e simplesmente porque alguém as ajudou ou graças a alguma circunstância exterior, que não durará, e não porque a sua filosofia seja verídica.

Você poderá dizer: ‘Mas está a nos aconselhar a viver no mundo subjetivo!’ Pois bem, comecemos justamente por explorar o mundo subjetivo. Foi nele que Deus ocultou todos os poderes. Os materialistas não têm nenhum poder consciente no domínio dos pensamentos e dos sentimentos porque contam demasiadamente com o mundo objetivo, físico, material, e perderam a fé nas possibilidades do mundo interior; procuram mesmo apagar os sinais desse mundo.

Evidentemente, existe um perigo para os espiritualistas: é que, depois de saber que podem modificar a corrente dos seus pensamentos e dos seus sentimentos, que podem transformar a sua tristeza em alegria, o seu desalento em esperança, imaginam que também podem mudar facilmente o mundo exterior. Mas não! A vantagem do mundo subjetivo é que ele lhe põe em contacto com as forças invisíveis, com as forças sutis da natureza.

Esse mundo é uma realidade, mas não uma realidade concreta, material; e se, por você estar tão convencido daquilo que sente, quiser convencer os outros, irá se deparar com graves decepções. Tanto o mundo objetivo como o mundo subjetivo existem, mas é necessário conhecer as correspondências, as relações que existem entre eles, para poder ajustá-los. Se, para você, o mundo interior se torna tudo, o mundo exterior deixa de contar; então aparecem as anomalias, as ilusões, os erros, e você se torna grotesto. Quanto aos materialistas, que desprezam o mundo sutil, esses desenvencilham-se muito melhor no plano físico, é evidente, mas por outro lado perdem as possibilidades de se tornarem criadores interiormente.

O verdadeiro criador é o homem do pensamento; é no pensamento que as coisas se criam. No plano físico nada se cria, copia-se, imita-se, faz-se uns biscates. A verdadeira criação tem lugar no mundo espiritual. Portanto, mesmo que comandem a matéria, dirijam-na e a obriguem a trabalhar para eles, os materialistas perdem o reino do espírito: nivelam-se com a matéria, descem ao seu plano e, portanto, perdem o poder de comandar, perdem a sua força mágica.

É por isso que eu vos digo: se você souber utilizar a sua vontade, o seu pensamento, o seu espírito, para dar forma a todos os impulsos que lhe vêm de dentro, você se tornará criador, você será uma grande força. Mas não tenha ilusões! Só porque o seu pensamento lhe obedece, só porque você é capaz de fazer um trabalho de transformação interior, não imagine que o plano físico também lhe obedecerá! Muitas pessoas não vêem a diferença e perdem a cabeça porque misturam os dois mundos. Há pouco falei dos enamorados, para os quais, quando têm um encontro marcado, o inverno se transforma em primavera. Essa primavera é real neles, mas no exterior continua a haver inverno. Se eles imaginarem que basta estender a mão e hop!, os pássaros virão cantar, a neve fundir-se-á... bem podem esperar! Pois bem, é o que fazem alguns espiritualistas... eles imaginam! Alguns até acreditam que, se pronunciarem certas palavras mágicas, abrir-se-á um rochedo como no conto ‘Ali-Babá e os quarenta ladrões’, acreditam que lhes bastará dizer ‘Abre-te Sésamo!’ para encontrarem tesouros que lhes permitirão viver na abundância até ao fim da vida. Não, é muito mais razoável trabalhar do que estar assim à espera de tesouros.

Evidentemente, se o discípulo se esforçar todos os dias por transformar e embelezar tudo no domínio interior, o dos seus pensamentos e dos seus sentimentos, as correntes que assim criará poderão acabar por influenciar a matéria física; nessa altura ser-lhe-á possível produzir fenômenos objetivos: como tudo está ligado, as vibrações, as partículas, as ondas, as emanações projetam-se e impregnam o mundo objetivo, que pode tornar-se tão radioso e luminoso como o mundo subjetivo. Mas, para consegui-lo, quanto tempo e quantos exercícios são necessários!

Dai sempre a preponderância ao espírito, e você não só estará acima das condições, como elas começarão até a mudar; as condições são algo morto, inanimado, e graças ao espírito, que está vivo, você poderá mudá-las. A vida não permanece estática, estagnada, está sempre a deslocar as coisas. Utilize o seu poder renovador, faça-o intervir, senão as condições continuarão eternamente a lhe barrar o caminho.


(Texto extraído do livro “Poderes do Pensamento” – Omraam Mikhael Aivanhov – Edições Prosveta – Portugal.)

Fonte do texto: http://www.ippb.org.br/textos/textos-periodicos/613-concentracao-e-visualizacao-os-poderes-do-pensamento

Nenhum comentário:

Postar um comentário